Fugitivos que escaparam de presídio federal em Mossoró (RN) são presos no Pará, após 51 dias
- Jatobanet

- 5 de abr. de 2024
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Após 51 dias de fuga, os dois presos que escaparam da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, foram recapturados nesta quinta-feira em Marabá, no Pará. A caçada por Deibson Cabral Nascimento, de 33 anos, e Rogério da Silva Mendonça, de 36, ambos do Acre, começou na manhã da quarta-feira de cinzas, 14 de fevereiro, e seguiu até esta quinta-feira. O Ministério da Justiça informou que eles foram detidos em uma ação conjunta das Polícias Federal e Rodoviária Federal. Esta foi a primeira fuga registrada na história do sistema penitenciário federal.
Onde e como os fugitivos de Mossoró foram recapturados?
A dupla foi encontrada na cidade de Marabá (PA), que fica a 1.600 quilômetros de Mossoró (RN). Inquérito da Polícia Federal apontou que os dois receberam ajuda de uma rede de apoio mobilizada pelo Comando Vermelho, facção criminosa a qual eles eram integrantes no Acre. Os dois atravessaram três Estados - Ceará, Piauí e Maranhão - para chegar ao Pará.
Segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, os fugitivos e quatro comparsas foram encurralados por equipes da Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma ponte na Rodovia Federal 222, nas proximidades de Marabá, no Pará, por volta das 13h30.
As investigações apontam que os dois planejavam ir para o exterior e contavam com "vários outros carros equipados e modernos".
— Essa ponte foi fechada, de um lado pela Polícia Rodoviária Federal, avisada porque se tratava de uma rodovia federal. E de outro lado, a Polícia Federal (...) Nessa abordagem, se constatou que os fugitivos estavam em um verdadeiro comboio do crime. Três carros foram apreendidos, com vários celulares e um fuzil — disse o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, após a operação.
Diretor-geral da Polícia Federal, o delegado Andrei Rodrigues disse que ao serem abordados pelas equipes, os criminosos chegaram a apontar um fuzil. Todos foram levados para a Superintendência da corporação no Pará e devem responder pelo auxílio que prestaram aos fugitivos e também pelo porte da arma.
Mudança na estratégia
Lewandowski afirmou que a recaptura só foi possível devido a uma mudança de estratégia na operação. Após descobrirem que os fugitivos não estavam mais em Mossoró, as buscas no local foram reduzidas e as forças de segurança reforçaram os trabalhos de inteligência e investigação, até que descobriram a movimentação dos fugitivos em uma rodovia do Pará.
— Essa mudança de estratégia foi bem sucedida, porque a partir do momento que a PF soube que os dois fugitivos não estavam mais no local, eles o monitoram permanentemente até que pudessem ser localizados neste local.
Segundo Lewandowski, antes da recaptura desta quinta-feira, houve uma primeira tentativa falha de abordagem no Pará.
Detentos voltam para Mossoró
O ministro da Justiça explicou que os fugitivos irão retornar a Penitenciária Federal de Mossoró, que teve a direção trocada e passou por uma reformulação de protocolos e por uma melhoria na infraestrutura.
— Podemos garantir que o sistema penitenciário federal não é mais o mesmo depois do evento que ocorreu em Mossoró. Fizemos revistas e fiscalizações em todas as unidades. Mais dez mil câmeras foram adquiridas, sendo parte delas instaladas. Os procedimentos foram reforçados, com revistas diárias, e os problemas estruturais foram consertados — disse André Garcia, secretário nacional de Políticas Penitenciárias.
O ministro afirmou, ainda, que as investigações continuam, com foco agora nos comparsas e organização criminosa que auxiliaram durante os 51 dias de fuga. De acordo com Lewandowski, moradores foram cooptados pelos criminosos, mas depois houve a entrada de veículos que os transportariam para fora do país.
— Estamos investigando ainda todas as forças envolvidas, qual organização participou efetivamente da fuga (...) me parece um prazo razoável, 50 dias. Segue os paradigmas internacionais, não chegamos a 2 meses — destacou.
Como os fugitivos de Mossoró escaparam?
Em fevereiro, os dois deixaram o presídio de segurança máxima por volta das 3h da madrugada, quando teriam escalado até o teto através de um buraco aberto na luminária e, em seguida, cortado uma cerca. Durante os mais de 50 dias, a operação de buscas mobilizou equipes com cães, drones, helicópteros, reforços de policiamento nas fronteiras do estado e o acionamento da Interpol (Polícia Internacional).
Nos dias seguintes à fuga, foram encontrados pegadas e objetos que pertenceriam à dupla e foram usados para traçar o caminho que eles teriam percorrido. De acordo com o 2º Batalhão da Polícia Militar (2 BPM) foram localizadas duas camisas, uma rede e rastros de sapatilhas semelhantes às usadas pelos internos no presídio federal.
O Globo






























